quarta-feira, 15 de maio de 2013

Para o alto! Para o topo!


Sempre houve dentro do grupo um espírito de insistência com tudo aquilo que essa palavra pode ter de teimoso. Longe de ser uma vontade moral que exige que façamos quase que alienados todo processo de criação, insistir pra nós é como se fosse uma necessidade fisiológica, ética, filosófica; é estar dentro de uma estrutura que estamos aprendendo a lidar com todos os tropeços que sempre assumimos na nossa trajetória.

Prestes a estrear a nossa próxima montagem – O Velório – junto a palavra insistir, encontramos a da resistência. Fora a resistência natural que nos coloca em combate constante contra a indústria cultural que tenta passar como rolo compressor sobre tudo que pode ser autêntico e orgânico, tivemos ainda que resistir às forças que insistem em obrigar o discurso único, pseudo unificado, com uma prática de desqualificação dos trabalhos realizados e dos artistas envolvidos num processo coletivo.

Nessa hora de confusão e truculência, essa montagem nos obriga a novamente a nos organizar, encontrar espaços, fluxos em comum. Mas de verdade. Sem obrigatoriedades. Com responsabilidade e atitudes ligadas a nossa história.

Não há volta numa trajetória ininterrupta de 9 anos de existência com 12 espetáculos no currículo fora workshops, palestras, leituras, parcerias, conquistas. É continuar tentando e seguindo junto com aqueles que de verdade querem estar juntos.

E é nessa fase que estamos: encontramos o nosso tempo de expandir fronteiras. Quando chegamos no limite das nossas conquistas, tentamos dar um passo a frente como se empurrássemos o nosso topo mais pra cima à força até chegarmos lá. Talvez por isso sempre estamos no risco, nunca montamos espetáculos com a mesma estética, testamos novas direções, provocamos o público a vivenciar um novo olhar sobre nossa forma de ver teatro, sempre aproximamos aqueles que querem estar conosco, planejamos as nossas coisas com meses e as vezes anos de antecedência.
Vai dar pau? Vai. E daí? Sem conflito, nada sai do lugar.
Pode dar certo? Pode porque as necessidades que temos nos pertence, não foram criadas por forças externas.
Vamos chegar em algum lugar? Não sei porque agora, o lugar que estamos é esse e ele nos contempla. Quando chegarmos ao topo das nossas coisas, empurraremos mais pro alto o limite e de lá vamos tocando.

Fernandes Júnior
Diretor geral do Teatro da Neura e produtor do espetáculo.

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