São 02h46 da manhã. Já já tem ensaio.
É dia de direção musical.
Passar e repassar marca. Passar e repassar musica. Passar e repassar canto. Afinar o instrumento. Limpar o coro. Encorpar o sacro e a ostentação da melodia...em cada voz.
É assim que ando com as minhas noites insones que antecedem a chegada do morto.
"Parece que ta dormindo, ta sonhando. Pelo menos descansou em paz, né?"
Não descanso.
Nosso primeiro cenário - Leitura Dramática - Maio de 2012. |
Passamos por uma Via-crucis e tanto. Na verdade, ainda faltam alguns quadros para vivenciar até a hora de subir aos céus.
Olhando os croquis dos figurinos e o primeiro esboço do que foi nosso "cenário" de leitura, me da uma agonia de bolsa prestes a romper.
Fizemos a primeira leitura do texto em janeiro de 2012, onde fechamos a ideia de passar por todos os ritos sacros da Semana Santa e então, começamos a guardar as moedas para Paraty.
Em maio, no Neurofobia, evento anual de aniversário do grupo, fizemos nossa primeira leitura dramática do texto, aberta ao público. Parece que tudo foi anteontem.
O tempo passou voando. E mesmo assim, parece estarmos presos nesses quarenta dias que não passam.
Leio e releio o texto. Anoto e apago a anotação. Nasce e morre ideia em cada novo copo de café.
Estamos nas vésperas de dar a luz a um defunto.O enxoval devidamente bordado. Coletivamente bordado.
Estamos a vésperas do nosso Velório, e eu, nunca estive tão ansioso por conta de uma morte.
Antônio Nicodemo
Dramaturgo e Diretor do Espetáculo.
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